Minha vida nunca foi das melhores, porém, não tinha nada para reclamar. Tinha uma família bem estruturada financeiramente, um emprego que apesar da minha pouca idade, me pagava bem apenas para atender telefone, tinha os melhores amigos do mundo, o que eu poderia querer? Privacidade. Era isso que eu queria, era isso que eu precisava. Não que na casa dos meus pais eu não tivesse, mas digamos que numa casa só minha, eu poderia fazer tudo o que eu quisesse, receber todas as visitas, sem hora pra ir embora ou então, depois de uma bebedeira, todos poderiam dormir. É, é disso que eu preciso. Meu pai sempre me viu como a princesinha indefesa, qual é, eu já sou crescida! Tinha meus dezoito anos recém completados e já era "dona do meu nariz". Enquanto estava com todos esses pensamentos, terminei meu banho para ir pra mais um dia de trabalho cansativo. Ser secretária de uma multinacional tinha seus privilégios, mas também era um saco atender telefone e passar tantas planilhas pro computador. Terminei de me vestir e fui tomar um copo de suco para enfim sair de casa.
-Bom dia minha filha! -minha mãe saudou feliz em me ver-
-Bom dia mãe. -dei um beijo em sua testa- Bom dia papai.
-Bom dia Angela. -meu pai disse enquanto lia o jornal-
Tomei um copo de suco e peguei uma maçã. Peguei minha bolsa e quando estava saindo, minha mãe me chamou.
-Angel minha filha, não vai comer nada? -ela disse carinhosa-
-Não, estou com um pouco de pressa mamãe.
-Vai almoçar em casa?
-Também não. Na hora do almoço eu preciso resolver uns assuntos. Tchau mamãe. -dei um beijo em seu rosto e bati a porta atrás de mim-
O vento gélido de Nova York sempre me dava motivação para ir trabalhar. Nunca entendi. Chegando na empresa, dei bom dia pro pessoal e me sentei em minha mesa. Nunca entendi porque as mulheres daqui não gostam de mim, talvez seja por eu ser mais nova que elas, não ter faculdade e ganhar o mesmo salário que elas, estranho porém, é a verdade.
[...]
Na hora do meu almoço eu fui ver alguns apartamentos pequenos para alugar, mas nenhum me agradou. Resolvi parar em uma lanchonete qualquer pra comer um lanche e voltar pro trabalho. Vi um cabelo loiro do qual eu reconheceria de qualquer maneira. Christian. Meu melhor amigo no mundo inteiro. Cheguei por trás e dei um susto nele.
-Cara... -ele se virou assustado- Angel!! -disse feliz ao me ver-
-Hey Chris, quanto tempo hein!? -disse dando um abraço de urso nele-
-Você some.. -ele fez careta- Eai, o que está fazendo por aqui?
-Eu trabalho aqui perto, vim comer alguma coisa. E você?
-Vim resolver uns assuntos. Mas então, como você está? Ainda morando com os pais?
-Sim, mas eu quero sair de lá, já fiz 18 está na hora de ter minha privacidade.
-Então, caso você queira sair de lá, no meu apartamento tem um quarto sobrando, se quiser, pode ir pra lá até arrumar um lugar. -ele sorriu-
-Você mora sozinho?
-Não, eu moro com o Justin, lembra dele?
-Como poderia esquecer? -revirei os olhos-
-Sabia que ele faz essa mesma cara quando eu falo de você? Te chama de baixinha mandona. -ele deu risada-
-Sério? Bom saber disso. -fechei a cara- Chris, eu preciso ir, está dando minha hora, você tem meu número né? -ele acentiu- Me ligue hoje, vamos sair é sexta feira. -bati palminhas- Preciso de um pouco de diversão.
-Tem problema se o Justin for junto? O Ryan?
-Claro que não, estou com saudade do cabeçudo do Ryan, e quanto ao Justin, acho que com um pouco de bebida eu consigo suportar sua presença. -dei risada- Agora eu preciso mesmo ir, me mande uma mensagem confirmando ok?
-Ok Angel, se cuida. -ele me abraçou e me deu um beijo-
Me despedi de Christian e sai pelas ruas de Nova York, o sol estava muito quente, certamente eu chegaria vermelha no trabalho, mas eu não me importava.
[...]
O dia parece que se arrastou, pois a hora demorava a passar. Assim que coloquei os pés pra fora da empresa, meu celular vibrou avisando que havia chegado uma mensagem.
"Se arrume bem gata, pois hoje nós iremos nos divertir como nunca!
p.s.: Justin não gostou da ideia de você estar junto, mas topou. Te vejo de noite. :) - Chris"
Sorri lendo a mensagem e tive um pressentimento de que essa noite seria bem agitada. Cheguei em casa as 18hrs em ponto. Minha mãe estava na cozinha fazendo a janta.
-Boa noite minha filha, como foi seu dia? -ela disse aparecendo na porta-
-Foi bom, encontrei o Christian e nós marcamos de sair.
-O Beadles? -ela disse sorrindo-
Minha mãe sempre adorou o Christian, sempre quis que a gente namorasse, mas não foi o que aconteceu.
-Sim, esse mesmo. Eu vou tomar um banho ta?
-Não vai comer filha? Você está com cara de quem não comeu nada hoje.
Depois que ela falou isso, eu me lembrei que só estava com a maça que eu comi hoje de manhã no estômago.
-Eu almocei mãe, não estou com fome. -menti-
-Tudo bem, se quiser comer, me chame. -virou as costas e voltou pra cozinha-
Eu não estava conseguindo comer direito já tinha uns dias, minha mãe ficava sempre andando atrás de mim perguntando se eu não estava com fome. Isso me irritava profundamente.
[...]
Terminei meu banho e fui procurar uma roupa para vestir. Nos últimos meses eu andei comprando roupas, porém, nunca tive a oportunidade de usá-las. Optei por usar um vestido soltinho e um salto combinando. Fiz uma bela maquiagem, arrumei o cabelo com alguns cachos nas pontas e quando finalmente me olhei no espelho, me senti linda. Peguei meu celular e mandei mensagem pro Christian.
"Me passa seu endereço, estou indo aí. :] - beijos Angel."
Esperei alguns minutos e ele me respondeu com o endereço. Peguei minha bolsa e saí do meu quarto.
-Aonde pensa que vai com essa micro roupa? -meu pai disse parando de assistir televisão-
-Vou sair com meus amigos, algum problema?
-Nenhum, desde que você volte e troque de roupa! Não vou deixar você sair com esse vestidinho. -ele disse se alterando-
-George, deixe a Angel, ela está linda. Vá se divertir minha filha. -minha mãe disse beijando minha cabeça- Cuidado.
-Se eu não voltar pra casa é porque dormi na casa do Chris, tudo bem mamãe?
-Tudo bem minha filha, juízo vocês.
Dei um beijo na testa da minha mãe e cruzei aquela porta sem saber como seria quando eu retornar. Entrei no táxi que me esperava na porta e fui em sentido casa do Christian. Era um apartamento um pouco longe da onde eu morava, mas o prédio era lindo. Pedi pra recepcionista avisar que eu havia chegado e Christian mandou eu subir. Ele morava no 5° andar, apartamento 116. Toquei a campainha e um Justin todo arrumado e perfumado abriu a porta.
-Olha se não é a protegida do Chris. -ele disse sem humor- Sua bonequinha chegou Christian. -ele disse irritado por me ver-
-Boa noite pra você também Justin. Ryan seu cabeçudo, que saudade!! -disse correndo pra abraçar ele e pude ver o Justin revirar os olhos-
-Poxa baixinha, hoje você está alta. -ele disse fazendo biquinho- Mas está uma gata também. -ele disse fazendo eu dar uma volta- Muito gata e gostosa.. O que anda fazendo?
-Nada ué. -dei risada- Cadê o Christian? Quero ir logo, preciso dançar. -disse animada-
-Estou aqui meu amor. -ele disse vindo do quarto todo arrumado- Nossa, você está mesmo uma gata, concordo com o Ryan.
-Será que da pra gente ir logo? Esse papinho gay de vocês está me dando enjôos. -Justin disse irritado-
Essa noite tinha tudo pra ser muito boa e só estava começando.
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